Para brasileiros que residem no exterior e continuam investindo no Brasil, uma dúvida recorrente é como evitar dupla tributação. Essa preocupação é legítima, especialmente em casos em que há incidência de impostos tanto no país de residência fiscal quanto no Brasil, comprometendo a rentabilidade e gerando insegurança jurídica.

A seguir, vamos explicar de forma objetiva as regras de bitributação, os acordos internacionais existentes e as estratégias legais que permitem investir com segurança e eficiência tributária mesmo morando fora do país.

O que é a dupla tributação?

Inserir: Acordos de não bitributação para investidores não residentes

A dupla tributação ocorre quando uma mesma renda é tributada por dois países distintos. No caso de brasileiros expatriados, isso pode acontecer quando os rendimentos obtidos no Brasil — como lucros de investimentos, aluguéis ou dividendos — são taxados tanto aqui quanto no país onde o contribuinte é residente fiscal.

Existem dois tipos principais de dupla tributação:

  • Dupla tributação jurídica: dois países tributam a mesma pessoa pelo mesmo rendimento;
  • Dupla tributação econômica: duas entidades diferentes são tributadas sobre o mesmo rendimento, por exemplo, empresa e sócio.

No contexto deste artigo, focamos na tributação jurídica que impacta diretamente investidores não residentes.

Como evitar dupla tributação legalmente

A boa notícia é que há diversas formas de mitigar ou eliminar os efeitos da bitributação. Saber como evitar dupla tributação exige conhecer os mecanismos legais disponíveis, bem como adaptar a estrutura de investimentos para se enquadrar corretamente nas normas de ambos os países envolvidos.

Acordos de bitributação assinados pelo Brasil

O principal instrumento para evitar a bitributação são os Acordos para Evitar a Dupla Tributação da Renda (ADTs). O Brasil possui tratados vigentes com mais de 30 países, incluindo:

  • Alemanha;
  • Espanha;
  • França;
  • Japão;
  • Itália;
  • Reino Unido;
  • Suécia.

Esses acordos definem qual país tem o direito primário de tributar certos tipos de rendimentos e como o outro país deve reconhecer o imposto pago, seja por meio de isenção ou compensação.

Por exemplo: se um brasileiro residente na França recebe rendimentos de ações no Brasil, o tratado define que o Brasil pode tributar até determinado limite, e a França deve conceder um crédito fiscal sobre esse valor, evitando a bitributação.

Quando não há acordo: ainda é possível evitar?

Mesmo que o Brasil não tenha um acordo com o país de residência do investidor, é possível reduzir o impacto da bitributação utilizando alguns mecanismos legais:

  • Crédito de imposto pago no exterior: Muitos países aceitam que o imposto pago no Brasil seja descontado da carga tributária devida localmente;
  • Planejamento tributário internacional: Reorganização patrimonial e uso de estruturas jurídicas compatíveis com a legislação de ambos os países;
  • Escolha do regime fiscal correto: Como o regime especial da CNR pode permitir isenção de IOF e tributação reduzida no Brasil, diminuindo a carga global.

Estruturação da conta: um passo decisivo

Para evitar a dupla tributação com eficiência, é fundamental ter a conta devidamente estruturada conforme o novo modelo da CNR – Conta de Não Residente, vigente desde janeiro de 2025.

Dentro dessa estrutura, existem dois regimes:

  • Regime geral: tributação padrão, sem isenções específicas;
  • Regime especial: isenção de IOF e IR favorecido, ideal para grandes investidores expatriados.

A escolha do regime influencia diretamente a carga tributária aplicada no Brasil e, por consequência, o crédito tributário que poderá ser utilizado no país de residência fiscal.

Documentos essenciais para evitar dupla tributação

Saber como evitar dupla tributação também envolve a organização e apresentação correta de documentos comprobatórios às autoridades fiscais. Entre os principais estão:

  • Declaração de residência fiscal emitida por autoridade estrangeira;
  • Comprovantes de pagamento de imposto no Brasil;
  • Informes de rendimentos de instituições financeiras brasileiras;
  • Documentação de acordos vigentes entre os dois países.

É essencial manter esses documentos atualizados e disponíveis, pois eles servirão como base para qualquer compensação tributária ou contestação fiscal no exterior.

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Riscos de não adequar sua estrutura tributária

Ignorar os procedimentos corretos sobre como evitar dupla tributação pode gerar impactos sérios e prejuízos significativos. Entre os principais riscos, destacam-se:

  • Pagamento em duplicidade de impostos, reduzindo drasticamente o retorno líquido;
  • Autuações fiscais por ausência de comprovação de residência;
  • Perda do direito à compensação tributária;
  • Incompatibilidade com normas internacionais de compliance (como CRS e FATCA);
  • Bloqueios ou limitações para remessas e repatriações de capital.

Assim sendo, a adequação à estrutura correta, aliada ao acompanhamento de especialistas, é indispensável para preservar patrimônio e evitar litígios fiscais.

Estratégias práticas para expatriados

Veja algumas práticas recomendadas para quem busca investir no Brasil morando fora, sem sofrer com bitributação:

  • Formalize a saída definitiva junto à Receita Federal brasileira, ajustando seu CPF para condição de não residente;
  • Abra uma conta CNR em regime especial com assessoria qualificada, para acesso a vantagens tributárias;
  • Evite usar contas de terceiros ou contas pessoais antigas, que ainda estejam em regime de residente;
  • Atualize o cadastro bancário com comprovante de residência fiscal e documentação exigida.

Adotar essas medidas reduz significativamente o risco de conflitos tributários e melhora o aproveitamento das oportunidades de investimento em território nacional.

Brasil e o cenário internacional de bitributação

Embora o Brasil ainda tenha uma rede limitada de acordos em relação a países como os EUA, Canadá ou Austrália, o cenário tende a se modernizar. Recentemente, ajustes em convenções modelo da OCDE vêm pressionando por mais transparência e uniformização nas regras tributárias internacionais.

O investidor que compreende como evitar dupla tributação consegue não apenas manter conformidade com essas tendências, mas também aproveitar melhor os benefícios fiscais locais, reforçando a rentabilidade real de seus aportes.

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